O mês de junho, em diversos lugares do mundo, é marcado pelo orgulho LGBTQIA+. Em outras palavras, são realizadas diversas ações, sejam por parte da própria comunidade, ou por empresas apoiadoras em prol da causa. Tudo isso, tem como principal objetivo promover e celebrar a diversidade de gênero e orientação sexual, além de marcar a luta pelos direitos da comunidade.
Para contextualizar a escolha do mês de junho é preciso voltar para o ano de 1969. Neste, ocorreu a histórica Rebelião de Stonewall, uma série de manifestações por parte da comunidade LGBTQIA+ como forma de repreensão a ações policiais. A partir disso, começaram a surgir diversos movimentos, como as paradas do orgulho LGBTQIA+, campanhas empresariais e fortes movimentos sociais.
Conquistas e o orgulho LGBTQIA+
Na França o avanço em relação aos direitos da comunidade é considerável. De acordo com os dados publicados no Anual Review of Human Rights Situation of LGBTQIA+ People in Europe (Pesquisa Anual dos Diretos Humanos de Pessoas LGBTQIA+ na Europa), realizada pela Ilga-Europe, a França ocupa o 5º lugar do ranking de países com políticas de impacto positivo para a comunidade.
Para colaborar com esse dado, existem diversos outros marcos que celebram pequenas conquistas na luta por seus direitos. Dentre esses, é possível ressaltar:
- Em 1971, a França foi o primeiro país do mundoa descriminalizar relações consensuais entre adultos do mesmo sexo;
- Em 2008, a França passou a fazer parte do grupo de 72 países no mundo que protege seus cidadãos contra a discriminação em ambiente de trabalho devido sua orientação sexual;
- A regulamentação do casamento entre pessoas do mesmo sexo também permite que esses casais possam fazer parte de processos de adoção;
Além disso, em março de 2021, a prefeitura da capital francesa, Paris, declarou em comunicado que a cidade será uma “zona de liberdade LGBTQIA+”. A decisão foi tomada devido aos grandes regressos em relação a repressões e violências sofridas pelas minorias pelo mundo.
Regressos
No entanto, mesmo com tantas políticas de proteção e conquistas de direitos, crimes LGBTQIA+fóbicos ainda estão presentes no território francês.
O instituto francês IFOP realizou uma pesquisa no ano de 2018 que demonstra que mais de 55% da população já foi vítima de ao menos uma agressão homofóbica na vida. Este trabalho foi realizado a partir das respostas de mais de mil membros da comunidade que vivem na região metropolitana. Além desses dados, ainda é possível destacar informações sobre agressões físicas, descriminações e destruição de bens.
Em reação a esses dados, as pessoas tem adotado práticas para não serem notadas nas ruas, e portanto, não sofrerem violências exclusivamente devido a sua orientação sexual ou identidade de gênero. Dentre essas práticas, muitos deixam de andar de mãos dadas ou demonstrar afeto com seus parceiros em público.
Destaques e inspirações
Dentre os membro da comunidade que são ativos na luta pelo orgulho LGBTQIA+ e por seus direitos, é possível destacar alguns. No ano de 2019, a edição francesa da revista Vanity Fair elegeu as 20 personalidades LGBTQIA+ mais influentes do mundo. Dentre os escolhidos, estão cinco franceses:
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Vincent Dedienne, comediante
Utiliza seu reconhecimento para chamar atenção as lutas da comunidade, por seus direitos e contra ações de violência e descriminação. Além disso, é apoiador da ong Urgence Homophobia, já realizou apresentações em shows e ajudou no lançamento de um clipe musical para dar maior visibilidade a luta.
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Marc-Olivier Fogiel, apresentador
Grande defensor dos direitos de casais homoafetivos, principalmente em relação ao apoio de mulheres e homens que se voluntariem para gerar bebês. Ele mesmo e seu marido recorreram a duas doadoras para conceberem suas filhas. Deste modo, utiliza sua visibilidade para discutir temas a cerca da vida em uma familia homoafetiva.
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Kiddy Smile, DJ
O DJ é um grande nome da militancia pelos direitos da população negra e LGBTQIA+. Além disso, recebeu grande destaque ao usar uma camiseta com os dizeres “filho de imigrantes, negro e bicha” durante uma apresentação de música eletrônica na sede do governo francês, a convite do presidente Emmanuel Macron.
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Mounir Mahjoubi, secretário de Estado na França
Mounir ocupa o cargo de secretário Estado para Assuntos Digitais. Ele, ainda, foi capa junto com seu marido, da revista Paris Match, para uma reportagem sobre ser um homem gay e ocupar um cargo de destaque no governo, Além disso demonstrou apoio à uma campanha contra o cyberbullying.
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Bilal Hassani, cantor
O cantor, assumidamente gay, normalmente se veste utilizando um visual queer. Ou seja, não se encaixa em rótulos femininos ou masculinos. Este é um dos principais pontos defendidos por ele, a quebra dos padrões de objetos ou roupas que seriam para homens ou que seriam para mulheres.
Portanto, o mês do orgulho LGBTQIA+ continua a luta por direitos que foi iniciada há muito tempo, sempre se atualizando e trazendo novas pautas para o debate. Debate este que é de extrema importância no combate a todo e qualquer tipo de ato de violência a membros da comunidade.
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