Após experiências de ajuda humanitária no Haiti, o Brasil é um forte candidato a participação em missões de paz da ONU em outros países francófonos. Em outras palavras, o Mali, a República Centro-Africana, a RDC e até mesmo o Líbano. Dessa forma, o francês para militares é um diferencial para missões internacionais.
Francês para militares: exército Brasileiro
O Exército Brasileiro é membro ativo de intervenções sob a responsabilidade das Nações Unidas, a exemplo da missão de paz promovida no Haiti em 2004. Embora o inglês seja o idioma principal em missões da ONU, o francês ocupa o segundo lugar nesse ranking. Isso porque é a língua local na grande maioria dos países onde há missões atualmente. Dessa forma, comunicar-se com a população local é um imperativo e é por isso que o aprendizado do francês é indispensável para os militares.
República Democrática do Congo, Mali, Líbano, República Centro-Africana: esses quatro países figuram entre os prováveis destinos das tropas brasileiras em missões futuras. Além disso, têm em comum o uso do francês como uma das línguas oficiais ou de ampla disseminação. O Exército deve enviar, caso seja escolhido para uma dessas missões, um Batalhão de Força de Paz reforçado, além de uma esquadrilha de aeronaves e um hospital de campanha.
“A comunicação em francês facilita a interação entre os componentes civil e militar durante uma missão”, destaca o coronel de cavalaria Urubatã Muterle Gama, comandante do Centro de Avaliação de Adestramento do Exército, e aluno do CFOL – IFESP. Ele cita o caso dos militares que estiveram no Haiti e que conseguiram se aproximar da população ao aprenderem francês e noções básicas de crioulo, a derivação local do idioma.
Evitar o estresse
O coronel participou de uma missão na República Democrática do Congo e decidiu estudar francês para melhor coordenar as visitas e operações envolvendo a população local. “Isso poupou muito tempo e, principalmente, tornou a missão mais prazerosa, visto que a barreira do idioma é um obstáculo difícil de transpor”, avalia. “Não se comunicar com a população se torna um estresse”, enfatiza.
Incumbido da coordenação de coletivas de imprensa, reuniões e busca de informações de terreno, dentre outras atribuições, Muterle Gama conta que a “imposição” do inglês nem sempre é algo bem visto. “Existe um efeito psicológico, de boa vontade, que é se igualar ao interlocutor. Falar a língua do país é algo muito bem recebido, com isso angariamos a simpatia de todos”, avalia.
Interagir no cotidiano
Há de se levar em conta, ainda, que o pessoal técnico e de serviços gerais da ONU nem sempre domina o inglês. Por isso, falar francês pode ser a chave para se comunicar com funcionários envolvidos na missão, como secretários, atendentes, porteiros, mecânicos ou motoristas.
Wesley de Souza Gomes, subtenente de Infantaria em Brasília e aluno do CFOL – IFESP, também esteve na República Democrática do Congo e ressalta o quanto estudar francês fez o diferencial em sua experiência. “No cotidiano do próprio serviço, os membros de muitos países que compunham a missão da ONU eram de origem francófona. Falava-se muito em francês no dia-a-dia de trabalho”, destaca.
O subtenente participou da missão em 2014 e acredita que o aprendizado do francês foi um fator determinante. “Quando cheguei ao país, ainda não tinha muita prática de conversação. A língua oficial era o francês e era uma grande dificuldade, no início, sair para fazer compras, lidar com as pessoas nas ruas ou fazer perguntas”, conta Wesley.
Aprender com o CFOL
Ambos, o coronel de cavalaria e o subtenente, estudam francês com o CFOL – IFESP atualmente, para aprimorar seu nível de proficiência na língua. O IFESP ganhou licitação aberta pelo Exército Brasileiro para formar militares com aulas virtuais semanais, do nível básico ao avançado. Um dos nossos principais objetivos é auxiliar os militares que desejam ingressar em missões estrangeiras no mundo francófono.